domingo, 24 de janeiro de 2010

Fim da expedição para mim

Já estou em Brasília há 2 dias; deixei efetivamente o grupo expedicionário dia 20 de janeiro, em Lima. Eu e minha mãe tivemos que voltar antes pois as férias dela já acabaram. E assim, concordamos em voltar por um caminho alternativo. A ideia inicial era voltar por terra, passando pela Bolívia; ou seja, iríamos de La Paz a Santa Cruz de la Sierra, e de lá pegaríamos o famoso trem da morte em direção a Quijarro, fronteira com Corumbá, MS.

Nosso plano de voltar pela Bolívia - com intenções ilusórias de conhecermos lugares turísticos por onde passaríamos - deu certo; mas o tempo não foi nosso amigo - pois tínhamos já passagem comprada de Campo Grande a Brasília. O único que conhecemos de La Paz nessa volta foi a partir do avião, e o aeroporto da cidade. De lá voamos para Santa Cruz (tudo isso comprando as passagens quase na hora de embarcar, pois não tínhamos nada certo).

Desembarcamos enfim no aeroporto nacional de Santa Cruz, que mais parecia um terminal rodoviário. Sentimos na hora o choque térmico, pois saímos dos 8ºC de La Paz para os 33º de Santa Cruz. Nesse aeroporto, as malas nos foram entregues não por esteiras, mas eram na maioria crianças as pessoas que as carregavam até os seus donos. Foi aí que a adrenalina começou a ser liberada. Todas as malas tinham sido entregues, e uma das nossas estava faltando (justo a que continha todos os presentes que trouxemos)... Ela havia sido extraviada, e nos seria entregue apenas à noite, anulando nossos planos de irmos de trem até a fronteira.

Minha mãe ficou desesperada, com razão. Mas relaxa, eu dizia a ela, vai dar tudo certo... E foi então que depois de encontrarmos uma brasileira no terminal bimodal, a qual nos ajudou muito a achar uma solução - o problema maior era a nossa falta de tempo -, resolvemos ir para o aeroporto internacional a fim de procurar passagens para salvarmos o desastre do dia.

Ainda sem a bagagem extraviada, mas já com passagens diretas para Brasília compradas, nós só tínhamos que esperar o voo da noite - no qual viria a nossa mochila - e relaxar, como eu havia dito. Foi até legal o tempo que passamos no aeroporto... Conhecemos uns brasileiros e coincidentemente reencontramos 2 brasileiras que conhecemos em Cusco, com as quais ficamos conversando um tempão - tínhamos que saber enrolar, o voo só sairia as 4h da manhã, e isso era por volta das 20h...

Nossa mochila chegou, e nós fomos então tentar dormir nas poltronas muito confortáveis do andar de cima... Antes de pregar no sono, consegui falar durante 3 minutos por telefone com a Ana Luísa, e pagando por isso apenas 1 dólar... fazer ligação internacional é muito barato se você estiver na Bolívia. Na hora de tentar dormir, sem sono algum, conheci mais brasileiros, e ficamos conversando um bom tempo sobre Cochabamba, faculdade de medicina de lá e a triste história do hospício de Barbacena, em Minas Gerais. Conversa vai, conversa vem, me veio o sono e eu consegui dormir umas 2 horas até o início do check in.

Entramos no avião, sabendo que teríamos que encarar 2 conexões. Uma em Campo Grande, durante umas 3 horas, e outra curta em Cuiabá. Chegamos enfim a Brasília, quase 16h da tarde... Super mega cansadas, e minha mãe, claro, a fim de tomar um táxi. Mas quase que esquecíamos que tínhamos chegado ao Brasil, e que aqui o taxi é um absurdo de caro, totalmento ao contrário do que cobram os taxistas peruanos e bolivianos. Com dó de pagar 50 reais - o mínimo - para chegarmos a casa, minha mãe convenceu-se a si mesma que o melhor seria economizar pegando um ônibus que nos deixaria na estação do metrô. O fato é que chovia horrores e que o ônibus não vinha!!! A agonia misturada com o peso das mochilas nas costas foi algo que me fez lembrar da frase: "se tá no inferno, abraça o diabo". Ri.

Pegamos o ônibus, mas ele deu tantas voltas, e resolvemos saltar a uns 500m do metrô - e a chuva só engrossava! - para chegarmos logo. Chegamos finalmente a nossa estação, e vimos o caos a nossa frente. Quando chove aqui no nosso bairro, e como ele ainda está sendo construído, incluindo a sua infraestrutura, as ruas ficam alagadas, com a correnteza da água escura da chuva a passar pelas avenidas, sem livrar os pedestres de enfiarem o pé nos mais de 10cm - seguramente - de água. O jeito foi entrar na dança, abraçar o diabo, e rir da situação. Fomos andando, nos encharcando e com os pés totalmente dentro d'água.

Compensou, porque foi lindo rever a nossa casa, depois de quase um mês fora dela. Como é bom estar no lar, doce lar!

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